O homem que desmorona em si mesmo

Cai sozinho, vive no chão,

Pedindo ajuda, nem recorre ao carinho

Implora dois olhos, uma qualquer atenção.

Resto do ser.

Resto de ser.

É o que resta.

UM OUTRO SABOR

Saem de um corpo amargo e frio lágrimas doces e quentes a fim de justificar mudanças.
Seja, então, essa corrente contínua, mensageira de luz e prova de um outro sabor.

NO FINAL ELAS TODAS CAEM

Dancei com máscara em meio à máscaras
E aquela face a se proteger!
Percebi então, dancei gritante
E calava a quem quisesse dizer...

Porém, o baile de rostos confusos
Me confundiu e ali se encerrou.
Saí sem máscara em meio à máscaras
Deixei de lado e nada restou.

DO OUTRO À MIM

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Desliguei-me das peles frias e sujas que rondavam meu pensamento.

Restou-me paz sem pressa, amor sem esperança e o resto que já não sei mais de tão distante à nossa criação, se me interessa. Estou nua, finalmente, orando por mim.

ERA ELE

...mas eu gostava tanto dele. Era uma pessoa especial pra mim, com aquela sintonia que transcende a alma. Por diversas vezes, quando eu conversava com Deus, pedia por ele e não por mim. Pensava primeiro nele e depois em mim. Quem sabe eu fizesse isso porque seu bem me encostando ligeiramente, me fizesse feliz. Posso chamar isso de egoísmo?Quem sabe. Só sei eu que tentava entendê-lo sem perceber, e hoje percebo que ele vivia de sonhos assim como eu. Vivia de lembranças, e tentava recupera-las nos convencendo que elas ainda poderiam aparecer  intactas...e nós acreditávamos. É, ele era muito convincente, ou, nós éramos iludidos com coisas demais. Se você acha que eu sentia pena, não, eu não sentia. Eu sentia tristeza e orgulho juntos. Via até uma certa "beleza de viver" nisso tudo.É isso: dou o nome de saber viver belamente. Há pessoas que desistem, ele persistia...em sonhar, em amar, em ajudar, em querer, em tudo que existe, e é por isso que eu gostava tanto dele.

NÃO QUERO BOTAR MEU BLOCO NA RUA

Ontem, a noite terminou com a seguinte frase: "Não procure nas pessoas respostas que só pode achar dentro de você". Para uma noite de carnaval soa melancólico isso tudo, mas como eu não me importo com datas para minhas melancolias...Aliás, há muito tempo não ligo para datas e nem para minhas melancolias; já me resolvi com elas e elas comigo: vocês estão em mim e eu aceito isso com dignidade, e ponto. Claro que não é tão fácil assim, mas como o assunto não é esse, finge que está tudo bem.

Pois é, dormi com essa frase na cabeça e acordei com um pensamento: "Por que não criar um mundo só nosso, já que ali, as pessoas não nos fariam criar expectativas em relação a elas ou ao que nos têm a oferecer?". Ou seja, o problema é dos outros e não nosso. É, de fato, essa festa da carne, de carnes, muitas carnes, belas carnes, não me faz bem. Fico reflexiva demais, crítica demais, egoísta demais e volto ao meu velho ponto de partida que eu não gosto de relembrar. Bem, ao menos uma coisa eu descobri: eu não mudei tanto assim, continuo tendo alguns moralismos que mantêm "a Nathalia de sempre"; que eu me machuquei o suficiente para não abrir brechas e querer arrancar pessoas que estão atrás de pessoas; que eu cresci...dores fazem parte de disso; E...que beleza é algo que mais se encontra por aí, a grande sacada é descobrir quem não possui só ela e consegue se ver além do espelho. Bom, a principio, é o que o carnaval tem me ensinado esse ano, vamos ver na quarta-feira de cinzas.

ROMANTISMO POÉTICO

Ai, se de flores pudesse viver o meu amor
e os sonhos mais belos teria ao seu lado.
Não haveria magoas, ódio e nem rancor,
Viveríamos apenas como dois apaixonados.

E se de brisa vivesse meu amor
De todo o vazio transbordante que esse afeto tem
Não teria amado e nem chorado tanto
À espera tão constante de meu bem.

Mas conto que a morte de todo esse sentimento chegou,
Se é que algum dia ele viveu,
Pois quem ama lembra mais da alegria e de quem se ama
Fala mais de quem se teve,  mais do que de quem se perdeu.